Depois de umas semanas de férias onde
o ócio estival foi lentamente penetrando no meu interior, como se o efeito
acumulado de exposição ao calor me tivesse criado dentro de mim um molusco
invertebrado que me aprisionava os membros e musculos, e tendo em vista a minha
primeira Ultra, resolvi regressar a esse ventre de muitos corredores de trail:
A Barragem do rio da Mula.
Pelo caminho tinha apanhado o
Eduardo, e o nosso objectivo para o dia não era ambicioso, tornar a pôr as
pernas a funcionar, ao ponto de doerem durante a semana, isto é entre 15 a 20
kms e cerca de 600 metros de altimetria.
No carro viamos a Serra a vir até
nós vestida com um manto branco que, de tão justo me seduzia com todas as
curvas do seu corpo.
Comecei como (quase) sempre,
dando a volta à barragem, subindo o trilho das pontes, um dos meus preferidos,
e depois entrando nos estradões que vão desembocar no cume da pedra amarela.
Pelo caminho, e de repente entrei numa bolha dentro universo feerico, eu e as
arvores abraçados pelas nuvens baixas. A contraluz, as teias de aranhas
pareciam tecidos com fios de pérolas.
A humidade acumulava-se nos
ramos, nas folhas, até ser grande o suficiente para formar gotas de desafiar a
gravidade e fazer chover... era estranho que esta chuva formada à minha frente,
só escolhesse algumas árvores para fazer a sua aparição fora de época.
Num esforço final chegamos à
Pedra Amarela, um dos pontos altos de muitos dos meus treinos e ao olhar para
nascente, os meus olhos repousaram num (vale de) lençol(is) de nuvens que
deslizava(m) lentamente pelo corpo / silhueta da serra abaixo, (que ao descer)
era perfurados pelos picos da serra, distinguindo-se ao longe os dois torreões
do Palácio da Pena que perfurava aquela imagem de paz.
Recuperei as forças e parti para
o próximo ponto do treino: A Peninha, passando pelas duas irmãs, subimos à
peninha para outro miradouro sobre o Tejo, Montejunto, O Guincho, a anta de
Adrenunnes.
Descemos para espreitar a vista
do Cabo da Roca e falamos sobre o Trilho das Viuvas. Eduardo: Estava a pensar
não fazer o trilho das viuvas hoje, deixavamos para outro dia não? Zé: Sim tens
razão, é divertido ir a correr por ali abaixo, mas se o fizermos fazemos
quilometros a mais, metros a mais de altimetria e passamos a semana toda com as
pernas a doer. O mais sensato é voltar para trás...
...
Ok, aí vamos nós downhill...
DESCIDA TÉCNICAAAAAAAAAAAAAaaaaaaaaaaaaaa!!!
...
Depois da euforia, contemplamos
seriamente a subida. Afinal de contas tinha de haver um preço a pagar por
tamanha alegria. Calmamente o alcatrão levou-nos por um tunel mágico de luz e
brumas até um abastecimento nas pedras gémeas e depois para os Capuchos.
Lá em cima, uma troca de palavras
breves com uns BTTistas e voltamos a descer para o Trilho das Pontes para uns
minutos de divertimento final e depois para a Barragem.
O relógio gritava-nos que apenas tinhamos feito 17 kms, e como quem faz 17 faz sempre 20, atravessámos a estrada e passamos pela primeira vez à descoberta da Quinta do Pisão, mas só um bocadinho. Fica para a próxima...
Ai o Trilho das Viúvas ... já conheço algumas dessas partes :P ... belas montagens.
ResponderEliminarAbraço
As montagens deram mais trabalho que os 20 kms :)
EliminarObrigado, sintra recebe-te de braços abertos :D
Abraço